Radio A Toa

domingo, outubro 30, 2011

Ecos



Só um garoto
que perdeu sua organização
uma pessoa jogada ao mundo
numa esperança patética.

O desejo na mão e,
um talvez pai
que de incerto
não se certifica!

Um garoto!
sorrindo para o estranho.
Pedaço de outro sonho
como vozes na cabeça.
e a ideia suícida de não amanhecer.

de outra maneira
haveria outra canção
igual a de ontem
bouquet de flores mortas Hoje!

Falava com complascência
sobre o que não conhecia
virava som num pincel
desenhando simbolos.

Icones aos olhos
depois ideogramas e,
finalmente, simbolos do dito;
pelo não dito!

de manhã ao acordar,
tentar se perdoar
pelo que comenteu e, pelo que não.
afinal não existe, perdão sem culpa!

ou, Palavra sem eco!

sexta-feira, outubro 28, 2011

Sobre Gavetas.

A ideia era outra nem sei se bem esta. mas, era!
dizia assim sobre falta de subjetividade
carências de ideias próprias,
buscando por ai ideias alheias.

a palavra seduzia os dedos à uma street dance,
sem prededentes...coisa de gringo,
novamente reinventada..
pagando, atestado p'ra lavousier!

De vez enquirida, a máquina rugia,
ouvia o chamado instintivo.
à uma unica verdade:
crescer, reproduzir e morrer,

Sei que, nas gavetas existem,
cuecas de elástico frouxo
e calcinhas de amantes,
que já me esqueceram.

Dizia-se dele na vanglória,
enlevado de ternura
Sou Lezado!
Mas quebro um galho!

quarta-feira, outubro 26, 2011

Pensando...




Nós somos muito complexos...
Às vezes rimos do que não nos faz sentido,
Em outras choramos o que não nos cabe.
E o mais interessante,
É que não valorizamos o que nos faz felizes!
Pessoas sabem o que é isso?
Falta de tempo de silenciarmos
O que dentro da boca não cabe,
O que os olhos teimam não observar
E o coração insiste em não querer sentir,

O que dentro da nossa alma se passa...



Aretha Franklin - Rocksteady

Gaveta

Eu tenho. Calcinhas que nunca usei porque comprei pra usar com ele. Roupas que nunca usei porque comprei pra sair com ele. Lençóis que nunca usei porque comprei pra dormir com ele. E ele, Nina, não está mais. Agora nem sei o que fazer com as não usadas peças. Me faltam fôlego e coragem pra esvaziar minha vida da presença ausente dele. E eu continuo com os guardados. As vestes e o sentimento intocados.

terça-feira, outubro 18, 2011

Word Kebab!....al aceto balsamico di modena.



não tenho palavras,
pra dizer o suficiente sobre o
linguajar das espécies perdidas,
muito menos aos vindiços.

Quem sabe das presentes,
possa dar alguns palpites,
fazer observações
esdrúxulas, suficentes,
para ninguém levar a sério!

Palavreados, carecente de frases.
Vazios, desgastados pelo tempo,
carregados de abditórios
e lembranças atemporais.

De novo a palavra se fala, amoral,
contradizendo a si mesma,
como se houvesse uma multidão
tagarelando na cabeça...
assuntos nem sempre congruentes.

sábado, outubro 15, 2011

Tamanho unico


Será que somos
bibelôs overdosados,
pairas de prateleira?
esperando carícias de espanador!

qualquer coisa
pode compor a dinâmica do verso,
nada, a da alma;
vagando entre erros
aprendendo acertos.
lavando-se do verbo,
como quem toma banho de cueca
sem sabonete!

fonética é pintura linguística
abuso diriam, versados
inconsequencias;...farão os que
batem com a língua nos dentes
sem a minima noção,
 palavrear... versar então(!?):

- nem pensar!

Há dias que são cinzas,
Há dias que são meio amarelados, sépias
relembranças passadas, século vinte....
ainda!..amanhã haverá arco-íris!?

sexta-feira de novo
e a esperança de salvação:
Persiste!

aos enganos, que:
Enganam-nos, digo:

- cocôs, navegam!

Too drunk to fuck!


As gavetas de Dalí



“O corpo humano neo-platônico, puro na época dos gregos, está hoje repleto de gavetas secretas que somente a psicanálise pode abrir”. Deparei-me com esses dizeres há algum tempo, registrados em um folheto que convidava profissionais e estudantes a participarem da XVII Jornada de Estudos Psicanalíticos. Contudo, a ilustração do folder, uma obra do pintor surrealista Salvador Dalí, puxou meus olhos empacados de suas órbitas.

A pintura de Dalí centrava-se na figura de uma mulher longilínea e oscilante. Apesar de disforme, seu corpo era incrivelmente sensual e sua cabeça quase alcançava o céu. Sua face parecia um esboço de argila, cor de terra, e os traços somente se insinuavam. O equilíbrio frágil só se dava graças a aparatos de sustentação ligados por espécies de forquilhas que a mantinham de pé. A tal “Dalila”, com licença do Dalí, estava coberta por um vestido azul transparente que deixava ver nuances do corpo. Os seios apontavam para o céu e a cintura quase se rompia de tão fina. Seus longos braços pareciam buscar um abraço e a ponta do queixo voltava-se para cima como se procurasse um pedaço de azul, ou quem sabe um objeto perdido. Ao longo de sua coxa carnuda abriam-se várias gavetas e logo abaixo de suas altivas glândulas mamárias, na altura do diafragma, saía uma gaveta maior. O curioso é que esses compartimentos não continham nada visível.

Certa vez escrevi sobre gavetas. Talvez por isso a figura tenha me impressionado tanto. Na ocasião, eu falava sobre datas, lembranças e gavetas na mente. Então, ao ver a intrigante mulher, percebi que cometia simplificações. Meus incipientes escritos não tinham nada de original. A Dalila que pensei era a de Sansão. Tinha caprichos demais; fazia suposições e ousava delimitar os sentimentos. Era reta, avessa às contradições. A “Dalila” de Dalí me mostrou que gavetas estão por toda parte, dilacerando epiderme, músculos e coração.

(As gavetas de Nina fizeram-me relembrar esse textinho aí, já escrito por 'mins' há algum tempo...)

sexta-feira, outubro 14, 2011

Gaveta de calcinhas



A cama estava convidativa, porém, precisava levantar e começar o dia. Enquanto passava toda a parafernália diária no rosto; filtro solar, creme para os olhos, corretivo para as olheiras, sombra, rímel e etc., tentava recordar o sonho da noite anterior, distraída esbarrou na gaveta que mantinha as calcinhas e sutiãs que vinha colecionando há tempos... Nunca as usara, eram para ele. Tinha de todos os modelos, tamanhos e estampas. Sabia que não teria como usá-las, mas gostava de saber que elas estavam ali. Havia dias em que a saudade apertava então as colocava e fingia que ele estava do outro lado do espelho admirando seu corpo e as peças delicadas, imaginando o que fariam depois... Lembrou que era sexta-feira e precisava se apressar, já passava das oito horas. Sonhara como sempre acordada.

Los Sebosos Postizos - Charles Jr. (com Jorge Ben)

O melhor há de vir!


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quarta-feira, outubro 12, 2011