Radio A Toa

quinta-feira, novembro 08, 2012

Login - Supergirl's complaint Mix




...dá licença vou rir um pouco,
alimentar essa ânsia orgânica!
... vou levar, levando...
amando, esquecendo!

Carinhos...
sei lá ! invente meu bem querer!
....enquanto me desfaço em lágrimas.

Pedra

Pedra não quisera ser Pedra só pudera ser Posto que de tantas pontas de pés Rolou e parou E rolou e parou Resolveu querer ser pedra Sem pulmões que respirar E dedos que buscar E nesse estado de minério Foi obra inabalável Sem vertigens de amor e de dor Pedra não quisera ser E mesmo assim paralisou E nunca mais falou Sob pena de não ter ouvidos que ouvi-la Deu um último grito e petrificou E nesse estado mineral Foi plenitude geológica Amou a chuva O sol O vento Na dureza do seu esplendor Foi um adorno de sentimentos Abortou pedaços e farelos E sobrou E rolou E parou E foi pedra que passou 
  Keila Costa

terça-feira, novembro 06, 2012

Aneroxia


Meu coração carrega ruas desertas,
por onde erram aleatoriamente,
vãos sentimentos, que planam por aí
pelos frios ventos emocionais
que sopram o vazio
do ausente hálito,
no leito ao amanhecer.

Silencios ensurdecedores
falam à minha cabeça
palavras que ainda
não foram pronuciadas
e, que talvez nunca serão ditas.
seco, como miragens que evaporam,
esperanças de não se deixar esmorecer...
levantar-se & arquitetar a queda,
desfazer-se do sonho.....nihilisme!

Low!

as vezes sinto vontade
de vomitar emoções
que já não me alimentam
virar pedra, total inanição afetiva.
por ai tropeçando em
degraus que não consigo subir
criando feridas emocionais
que alimentam volateis sentimentos,
outrora espessos como o ciclo das estações,
carregando dia a dia o esquecimento,
vou passando pelo outro que passa.

invisível feito memória
obscuro como blackout,
vou deixando pegadas por aí
sem que ao meu lado
outros pisem!...vou seguindo!
Another face that i see
another dream there i dream,
despertares & gratitudes matinais
generosidade de querer,
fazer tudo por alguem.
mas não há por quem fazer!

do you wanna dance?
esquecer-se, bailar por aí
dar-se de licença poética,
virar o simbolo,
deixar de lado, personas,
desfazer-se em pedaços
ensaiados no dia anterior
exercitados de manhã cedo
num tai-chi imaginado
nas sombras que
habitam as paredes.


wall's don't talk!

domingo, outubro 28, 2012

As Palavras - Vanessa da Mata

Talvez seja essa pausa reveladora. A pausa da palavra que nos submete no instante insano de tanto pensar ou mero momento de alienação, das obrigações, dos sumiços de nós mesmos, quando a imaginação dorme. Dormimos nessa ausência da palavra, do outro, em verdade; que palavra somos nós em comunhão até em silêncio, intervalo. Mas se é longa a interrupção, graça o vazio de não ser mais palavração. Que palavra é sussuro e grito de sentimento, o que nos anima e entristece e alegra e move. Á toa de nós mesmos? Palavra que nos contém feito um ócio de reconhecer-se apenas palavras, papeação, fomentação, alimentação...

sexta-feira, outubro 26, 2012

PpesSooassssssssss



Então pessoas!!!

Não estamos mais Á Toa?

Qual é a boa?

A nossa bossa anda à miúde,
Tímidos textos tentando matar a sede.com.
Cansados será, seremos nós mesmos os mesmos?

Eu sei, eu sei!

Andam os dias complicados,
Cada vez mais embaralhados,
Sem atitudes criativas,
Sem placebos para dar conta,
Do que não queremos mais suportar.

Seria o medo,
O desterro de nós,
A pronta referência da hipocrisia,
O valor equivocado da vida,
Da comida,
Da nossa ida desmedida
Ao inferno...
Todos os dias.

FEP
Falemos Então Pessoas!



terça-feira, setembro 25, 2012

João e Maria




Maria ama João,
João não sabe,
mas pensa que
 ama Maria.

Maria pensa em João...
todos os dias.

João por sua vez...
não esquece da Maria.

Maria dorme e sonha com João,
João sonha e não dorme com Maria,
Maria acredita nos seus sonhos,  
João acredita em nada mais.

João vive a sofrer
com o que não vive com Maria,
Maria vive a chorar com o nada
que é a vida sem o João.

Que impasse.ência,
João e Maria.

quarta-feira, setembro 05, 2012

Falacia Auto Didata



Na grandeza da palavra a ofensa é constante aos hábitos vingentes, se me nega o palavrear. falo de forma abrangente se não, calo dissidentemente.....ouvia outro dia a lingua dos surdos e toda sua corencia ....ouvi nada; sou surdo de um ouvido.de outro não, monofonico emulo o stereo, poucas palavras nunca foi o meu forte, sempre na redundancia sou chamado de prolixo, falo muito e digo pouco... outro dia tentava falar pouco quando dei por mim não dizia nada, somente as mesmas coisas do dia a dia. leio palavras de outro e me surpreendo com a expressão alheia e me pergunto porque não consigo chegar perto da coerencia alheia, sera por não saber pontuar e ir amontoando as palavras num exercicio caótico sem pontuação ou regras do bem dizer, não sei, mas, tento dizer o que me passa pela cabeça e os ouvidos deficientes sem o som da tv para maldizer a monotonia, vou reinventando no vazio a canção e frases sem sentido, colhendo pedaços de nada reescrevo meu vazio e tento explicar a falta de assunto, novas canções ja ná não me impressionam, nem sei porque escrevo para este blog sem comentários, sem estimulo para outros assuntos. nem me proponho mais me atirar a uma fantasia sem sentido para inventar uma estória absurda como as decisões da vida ou as canções baixadas por aí.são tantas as informações que poucas valem a causa sui de meus sentidos.... resta o silencio e poucas palavras para descreve-lo. em meio a essa enxurrada de exigencias as quais me proponho, e que por vezes me omito em cumprir, diziam assim outros que nos ouviam; há a esperança a nos alimentar... há o desengano a nos trapacear...parece que o verso carece de outras palavras para se contradizer, parece que eu nunca entendi nada e que você pouco pouco se importa com tudo isso. Não é o verbo que é longo mas a certeza de muitos desenganos permanece na palavra e na contradição do dito, se é que importa o dito e a lingua maledicente... tentando acertar por vez o verso pretenso poético malecrito por dedos vacilantes dançando no teclado, sujo pelo uso e o  habitar de bactérias digitais.
Saberia dizer outras coisas se não fosse tão redundante quanto ao ja dito e vacilante quanto o ainda não pensado, as paredes permanecem manchadas no falso pintar no desmascarar do idealizado perfeito amostrar, mas só percebe o falso a vitima da perfidia, outro dia talvez lhe faça juras de amor em nome do prazer de te trair e te ver perder o chão aonde pisas a certeza que te certifica e me desautoriza de uma vez por todas em nome de tua individualidade....me calo na esperança de perceber tudo o que foi dito pelo não dito e que posssa perceber os erros que poderia cometer por esta falacia. desajustada e coberta de erros de grafia, seria como se pudesse perceber o verbo na escrita culta diferenciando estas palavras da que venho escrito por estes anos a fio, versos perdidos esquecidos em papeis perdidos no caos da gaveta que guardam lembranças esquecidas até serem relidas na recontagem de papeis velhos e jogadas fora como lembranças que não valem mais nada, a não ser pela lembrança passada das neuroses atuais. palavras soltas ao vento como poeira ao vento. levadas em um rodamoinho que ja não valem mais as lembranças que as validam, seria de outra forma se estas fantasias se realizassem como os finais felizes que pressupomos nelas mesmas...versos e expectativas escritas como a descrição dos absurdos dos erros cometidos justificando a ignorancia do não saber o que fazer.... seria asim se o verso não pudesse ser outro.

segunda-feira, agosto 27, 2012

Mantras Nucleares




Mantras nucleares, estados letárgicos da percepção,
caminhos desperdiçados nas repetições mecânicas.
Palavras sem sentimentos arremessadas aos ventos
que prenunciam as tempestades...boca seca pedindo
água para alcamar o fogo que castiga o esofago e a hipofise.

Govinda Jaya! Jaya! Gopala Jaya Om Govinda!
Om Mani Padme Hum!

A repetição mistico mecanicista desestruturando o desejo
revelando o que se dissimula por detrás de um nada
que procura se esconder da imagem que lhe encara
pelo espelho, não de almas, espelhos de dimensões virtuais
infinitos desencontros cognitivos...olhos frios encarando a si
mesmo como um sonho que se desmancha entre os dedos...

Govinda Jaya! Jaya! Gopala Jaya Om Govinda!
Om Mani Padme Hum!

preencher-se de vazios, entregar-se ao que se crê, ver,
olhar indefinidamente ao mesmo ponto esperando o momento,
a hora de explodir a velha crença de que tudo se conservará
na teoria de Lavoisier ou na relatividade da luz,
fixar os parametros da rotina e jamais perder-se por aí

Govinda Jaya! Jaya! Gopala Jaya Om Govinda!
Om Mani Padme Hum!

Repetir mantras nucleares para saber-se salvo
do que nunca precisou de perdão...repetir mecanicamente
a si próprio a idéia de poder salvar-se de si mesmo e da banalidade
de um dia vir a crer em algo que lhe de a perspectiva de um buraco negro
que lhe leve de volta daonde veio!...sem palavras, olhares
ou algo que ressoe na caixa craniana...mudo como um mantra jamais revelado
jamais pronunciado...portanto livre de ter que salvar-se de um inferno.

Govinda Jaya! Jaya! Gopala Jaya Om Govinda!
Om Mani Padme Hum!

sexta-feira, agosto 03, 2012

Nada a dizer!




Meu dito andou mudo e hospitalizado,
Andou encarcerado no  seu próprio discurso.
O que dizer se nada há...

Palavra muda e contida
Entre dias internalizada em faltas,
Lendo e relendo...

O que será que escrevo,
Que não te contém?

O que será que exponho,
Que não compreendes,
Que não te cabe?

Ah, mundo pequeno,
Repleto de sentir, de não ir,
Transformado em sintomas...

Perceba!
Nem sempre
A mão que apagar a luz,
Será a última, 
Ah, será?

O que pensar, 
Quando a dor que nos conduz,
Confirmar o nada que nada mais é,
Menos do que imaginas...

Possuir!

segunda-feira, julho 23, 2012

Prayer



quereria escrever frases santas inventar orações reescrever minha fé, de forma a refirmar o conforto ao orar, queria falar sobre isso, creio que todos se impressionan diante do tono. serão palavras evangélicas a manifestação da fé? serão que palavras que?...serão? sei lá digo nada de boca miúda.;xingando a mãe alheia sei lá se vale o ódio...sei lá. se paz e amor!
sei lá o que te oferecer, ´palavras; versos e paragrafos futeis feito canções primaveris;...sei lá se sei compor o verso!
Oro repito o sabido, recanto a canção milenar. na certeza do canto dos fantasnmas, reescuto a lamuria reinvento a canção. liberto de mim os fantasmas e alumio a luz dos anjos!....amo orar.

Sei lá se essa falácia me reconhece ou me esclaresse, sei lá
 se não sei,,,digo, assim que, oro...ora bolas!


domingo, julho 22, 2012

Nós



Teremos tempo ainda?
Amar, gargalhar?
Seremos os mesmos ainda?
Medos, enganos?
Alcançaremos ainda?
Paz, serenidade?
Inspiraremos ainda?
Nós mesmos, o Outro?


Precisamos ainda:
Fraternidade-Caridade-Paciência



Conheça: Aldo Santillo

por DOREMIFA

Depois de um tempo sem dedicar um espaço ao pessoal fora do mainstream, o site volta a apresentar uma entrevista com o goiano (e atuante no Rio de Janeiro) Aldo Santillo. Embora esteja lançando agora o seu álbum de estréia, “Despeito”, (disponível na íntegra no facebook do cantor), Santillo é um compositor que se aperfeiçoa a mais de 20 anos, o que faz com que algumas canções possuam uma musculatura não muito presente em artistas ainda iniciantes em composição.
Embora “Despeito” tenha como eixo central o rock, as canções navegam pelo indie, blues e até bossa nova. O álbum pode ser bastante interessante para quem procura um som com temáticas mais maduras e que navegue por diversas seções rítmicas.
Mais interessante do que ler a crítica de um ouvinte, o blog traz uma entrevista gentilmente cedida pelo cantor onde o mesmo apresenta seu trabalho, a sua força e suas reflexões sobre o mercado fonográfico e a forma com que se consome música nos dias de hoje. Os links de acesso ao cantor na internet são ressaltados no final do texto.

DOREMIFÁ:  O álbum “Despeito” possui a interessante característica de apresentar pitadas de diversos estilos diferentes, mas com uma textura homogênea. Conte-nos um pouco sobre o como essa ideia de som se desenvolveu.
 
Santillo: Sim, o álbum Despeito, que é o meu primeiro, tem uma forte identificação com o rock clássico, anos 80 até, mas também navega por vários estilos como o blues, mpb, indie, pop e, tudo isso, sem perder a essência. Todas as músicas do álbum têm essa identidade sonora muito forte. A explicação mais fácil para isso é o desencontro temporal de várias das composições que estão ali. Por exemplo, o blues “Corpo Macio” foi feito há mais de 20 anos, assim como “Nuvens”. Já “Segunda-feira” é uma composição que tem por volta de 10 anos, assim como “Despeito” e “Nananá”. Já “Ponto.”, “Por Alice” e “As melhores coisas da vida” são as mais recentes, compostas em 2011. Só por aí já dá pra se ter uma noção de que essa explicação não funciona, ou seja, várias das músicas que estão no álbum, mesmo que feitas em épocas distintas, quando comparadas a outras da mesma época, continuam com estilos distintos. Eu acho que a melhor explicação para essa variação é justamente minha formação musical, que começou com o violão popular, depois o clássico, passando por um pouco de jazz, instrumental. Mas o fundamental é minha paixão pelo rock. Curti muita coisa psicodélica na minha infância/adolescência também, o que influencia algumas músicas. Me lembro que fui assistir ao filme “The Wall” no cinema em Anápolis-GO e fiquei tão impressionado com a trilha sonora do filme que ao sair de lá fui direto comprar o disco (sim, era vinil naquela época) duplo. Quando sentamos pra gravar esse CD, as músicas estavam apenas na minha cabeça (e numa demo que gravei em casa mesmo, só com o violão, apresentando as ideias). A banda que reuní pra gravá-lo é uma galera que me conhece há muito tempo e acho que esse entrosamento ajudou a criar o clima desse álbum. A ideia era gravar todas as músicas com a formação clássica de baixo, batera e duas guitarras, mas acabou que no final ainda colocamos alguns teclados em algumas faixas. Achei que o resultado ficou excelente. O som está bem maduro, o que reflete a qualidade da banda que gravou o CD. Então, acho que muito da coerência sonora vem disso. Praticamente todos os arranjos foram feitos em estúdio, com a mesma banda.
DRMF: O seu som apresenta diversas variações de diferentes épocas. Para você como artista, como acha que isso pode se encaixar nos dias de hoje? Aproveitando, como o novo artista pode se encaixar nos mercado atual?
 

S: Desde a primeira vez que peguei num violão já tentei fazer minha primeira composição, tocando com as cordas soltas mesmo (quem toca sabe que antes de criar o “calo” na ponta dos dedos, não dá pra tirar som do violão). E assim foi. Sempre compus. Então, já estou há mais de 20 anos compondo. Tenho recebido muitas críticas positivas do CD na página do facebook (www.facebook.com/Santillo.Rock) e também no twitter (@aldosantillo), das mais variadas pessoas das mais variadas idades. 
 Quando resolvi gravar este CD, eu estava há alguns anos sem mexer com música, sem compor nada, sem tocar, nada. Parado completamente e afastado do meio musical. Gravei uma música pra participar de um concurso no final de 2010 e acabou que gostei bastante do resultado e resolvi gravar o resto. A princípio fiquei um pouco receoso do que poderia acontecer, mas a minha ideia nunca foi de fazer alguma coisa para que fosse aprovado por este ou aquele público. A única pessoa que precisou aprovar as músicas e a forma como elas estavam saindo, era eu mesmo. Então eu fiz um CD com a minha cara, do jeito que eu gosto e do jeito que eu achava que deveria ser. Claro, com a colaboração de excelentes músicos que tenho o prazer de ter como amigos e parceiros nesse projeto. Todos eles trazendo suas influências para o som, o que tornou o resultado muito mais rico. E eu gosto disso. De colocar uma ideia e ver como ela vai se desenvolver na mente dos outros músicos. Sai muita coisa boa daí. Enfim, acho que meu som tem seu espaço no cenário do rock nacional. Inclusive acho que pode até preencher algumas lacunas. Por ser um som mais maduro, talvez encontre mais facilidade com um público mais maduro, acima dos 30 anos. Acho que falo sobre temas que têm um apelo maior pra esse público. Mas a galera mais nova também tem curtido bastante. Então, acho que tenho meu espaço. O prolema é como ocupá-lo.
E aí vamos entrar na sua segunda pergunta. Um novo artista, com seu projeto independente, como fazer? Simples, tenho que procurar as alternativas que estão disponíveis para a divulgação. São dois caminhos: shows/festivais e internet. Hoje a proliferação de artistas novos é absurda, justamente porque a internet nos dá essa possibilidade de visibilidade para um público enorme. E essa é a minha estratégia. Eu considero que TV não existe. Tudo o que faço é voltado para mídias sociais. Agora mesmo estou com  um grupo aberto no facebook para montar um videoclipe para a música “As melhores coisas da vida” com a colaboração dos fãs (http://www.facebook.com/groups/446219352079353/). Peço que eles enviem fotos com o tema maternidade/paternidade e vou editar essas fotos e fazer um videoclipe pra ser lançado no youtube, no dia dos pais, dia 12 de Agosto. Então hoje, qualquer artista (não só o novo, mas principalmente o novo) tem que ter sua presença online, tem que cultivar seus fãs nas redes sociais, interagir ao máximo e convidá-los a fazer parte do projeto. É assim que o novo artista deve se encaixar e encontrar o seu nicho. A profusão de festivais pelo país também abre as portas e os palcos pros novos artistas. Acho que o cenário é muito bom.
DRMF: Existe espaço para experimentalismos nos discos, como em “Videogames” cuja letra é em inglês e “Nanana”, uma canção sem letra. Como elas se desenvolveram?
S: Eu considero “Nananá” como uma música experimental, não só pelo fato de ela não ter letra (e ainda assim ser cantada), mas também pela adição de outros elementos nela. Soa quase como um country-rock-mexicano extremamente divertido de se ouvir. Quando começamos a gravar “Nananá” eu já tinha uma boa ideia do que queria. Mas na medida em que gravávamos as ideias iam aflorando e fomos juntando tudo pra sair o que saiu. Acho que foi a música que seguiu o curso mais natural entre todas do CD. Ela fluiu. Um exemplo é que os gritos mexicanos que permeiam quase toda a música nem passavam pela minha cabeça quando começamos a gravar. E, ainda assim, eles praticamente viraram uma obrigação logo depois. Essa é a música no CD que acho que tem o maior apelo visual. Você ouve a música e vê o que se passa. Se sente sentado naquele bar, tomando umas tequilas com aqueles personagens típicos do velho oeste. Já “Videogames” é uma música que compus na época que morei nos EUA e assim ficou, em inglês mesmo. Fizemos um arranjo que acho dos melhores do CD pra ela e não havia razão para deixá-la de fora pelo idioma. É uma bela balada e acho que agrada aos ouvidos mais variados. Outras músicas virão em inglês mais pra frente. Ela só abriu o caminho.
 
DRMF: As composições são suas ou sua banda também contribuiu para a montagem das canções?
S: Tenho um único parceiro em duas músicas, que é o Walder Clemente, grande amigo de longa data. Fizemos juntos “Nuvens” e “Ponto.”. Todas as outras são de minha autoria. Agora, todos os arranjos em todas as músicas são da banda. Como disse antes, gosto muito de jogar e ideia e ver o que os outros entendem, o que sai. E quando se está trabalhando com uma banda boa como essa que gravou este álbum, sai muita coisa boa. Gosto de fazer música assim, com os inputs de todos, cada um trazendo sua própria influência musical e colocando um pouco de si nas músicas. Então posso dizer que a banda contribuiu bastante para a montagem das músicas sim.
DRMF: Pra finalizar, a pergunta que sempre fazemos: no que você acha que a internet está contribuindo e atrapalhando o desenvolvimento da indústria musical?
S: A possibilidade de digitalização da música e de sua transferência, sem qualquer perda de qualidade, de uma pessoa a outra, ou a troca entre milhões de pessoas, é um evento que não tem volta. E a internet nos propicia isso. Acho que a velha indústria musical, calcada na venda de discos e CDs físicos, ou seja, de música afixada a uma mídia, essa está fadada ao fracasso. Temos agora uma ressurreição do vinil (alguns custando entre R$40,00 e R$50,00), inclusive com algumas bandas soltando seu álbum apenas em vinil. Não sei até quando isso dura, mas acho que é um modismo e que, mesmo que não seja passageiro, tem um público restrito. O mercado da música mudou, o consumidor de música é outro. A internet apenas democratiza o consumo da música. E abre possibilidades. Dá voz a quem não teria nunca. Mas, também,  ao mesmo tempo que me dá a oportunidade, como artista, de ser ouvido por pessoas que eu jamais teria acesso há alguns anos, ela também faz da música um produto mais banal. Mais banal no sentido de que qualquer coisa que eu queira ouvir, está ali, a qualquer hora, ao meu dispor. E isso, quer queira quer não, desvaloriza o produto “música”. Mas a internet é a grande arma que temos para mudar o que está aí. Essa música de baixíssima qualidade que é propagada pelos nossos meios de comunicação de massa e das quais a indústria musical se alimenta. É na internet que os novos artistas têm que apostar todas as suas fichas. Ela é a liberdade, ela vai lhe dar voz, vai lhe dar um palco para você se apresentar, se tornar conhecido. Acho que com o barateamento constante dos custos de produção musical com qualidade, e tendo na internet um veículo espetacular de divulgação, quando bem utilizado, a produção musical brasileira (e mundial) tem muito a ganhar.

quinta-feira, julho 19, 2012

Cement Mixer Slim Gaillard

Sem fim: um pouco sobre On The Road

Em que lugar vai dar aquela estrada sem fim, de curvas pouco sinuosas, declives e aclives suaves a penetrar a vegetação árida, por vezes nevada sem deixar nunca a aridez? Seria na verdade a secura da alma a verter toda sorte de encontros imprevistos, de digestivas indigestas substâncias alucinógenas? De amizades e amores parcos e loucos por anunciarem sempre o fim, ainda que houvesse sempre um trago a mais que sorver, o final do fluido ou o início quem sabe, na dúvida permanente do copo pela metade; prestes a acabar ou a ser preenchido? Um novo encontro, embora sempre velho. O livro On The Road, de Jack Kerouak pareceu-me assim, mas diferentemente do filme recentemente visto ao lado da minha mãe, traz uma compulsividade infinitamente mais frenética, uma loucura imanente e iminente, enquanto o filme resumiu-se a retratar crises, pequenos clímax do livro diante da estrada sem fim, quando, é claro, a imagem pudesse render algum tipo de assombro ou exotismo, sem exageros, devo admitir. Asseguro que minha mãe manteve-se aparentemente com o olhar fixo na tela; penso que queria perscrutar a próxima curva, onde ia dar, para depois me dizer se alguma chegada valeu. O manuscrito é como uma montanha russa; uma monotonia sórdida, natural da vida de qualquer um, e uma súbita busca indeterminada, do incompreendido apenas para alguns, os mais ousados ou porque não dizer alucinados categóricos, ilegais. Curioso é como os lugares retornam e são sempre obrigatórias passagens ou chegadas triunfais, repletas de expectativas. Os lugares têm vida, os personagens querem viver ainda que custe a morte. Esqueçamos da alucinação alienada, legal, mas sem esquecê-la totalmente. O mundo ‘paralelo’ do ‘autor e seus ‘comparsas’ nem mesmo hoje soa como natural, pelo menos para os conservadores, para não dizer a maioria que nos rondam. E aonde fica a sobriedade que resguarda a sobrevivência digna, ainda que indignamente tristonha? Como encontrar em meio à realidade de dentro e de fora essa alucinação legal, saudável e asséptica? São essas perguntas que Kerouak fez nas entrelinhas. O diretor Walter Salles deu seu recado, dada as limitações da adaptação para uma obra tão repleta de movimento; ou ficava na estrada ou ficava nos lugares ou ficava nas pessoas. Precisou fazer os três e perdeu a profundidade até mesmo da superficialidade em alguns momentos. O tempo exíguo deixou o manuscrito sem grande expressão na tela, mas digestivo. Bonita fotografia, jazz, bop, blues; negros fabulosos, virtuosos na voz, no toque instrumental, na dança. Menos que no livro é claro. Não deu tempo para tanto sexo, drogas e rock n’roll. Mamãe não teceu grandes comentários. Adolescente nos anos 70, nem de longe soube o que significava beat, hippie. Foi apenas uma moça interiorana com rebeldia escondida. Acho que continua rebelde latente. Penso que ela não acharia mal ir pela estrada sem fim.

sábado, julho 14, 2012

Hidropônico




Tem sempre um lado que não é este lado, tem sempre uma sombra entre fatos, diria sobre escuro o lado claro da lua, astronautas e voyers a luz do meio dia. Lua cheia de manhã, veranico alucinante, meia fantasia, meia idade, meia na bilheteria no evento!....outrora ouvia com melhor ouvidos, hoje escuto e me atiro ao léu da linguagem, fazendo ouvido de surdo.


Falaria talvez sobre outras coisas se tivesse assunto como não; me abstenho de opinião e peço ao garçon sanduíche de mortadela. na popular de um e noventa e nove. De novo me ocorre o oposto a isto e me desfaço na frase, inexisto por simplesmente não ter substância, de novo vem a frase de outros. talvez não, assim vou esbarrando em paredes que não falam.

Outro sim se serve da elipse e muda o sentido do dialogo e cala minha boca maledicente e se compadeçe da desgraça alheia sai a francesa: reinveinta o palavreado.

sábado, junho 30, 2012

Disse me disse!



A palavra me expressa, sei que a ti tambem. a graça não existe no que ainda não foi dito, graça haja na esperança....graça aja na inconveniencia....interessante poder falar trocar versos, ser afetivo qualquer coisa parecida com aquecer os dedos no teclado e contar uma historia de um outro lado inexistente notepad sem consistencia beirando ao eloquente...frase feita...farsa feita sem pecado ou maldade na cruel da existencia.....versar feito poeta dizer de novo cale a boca e acabe a falácia, assim é a lingua do disse me disse!

quinta-feira, junho 28, 2012

Esmalte


Dizia ela:
-  não há porque , não pintar as unhas de dourado.

alguns estranhavam outros concodavam argumentando que o dourado é a cor da luz do sol.....p'ra ela não importava, ela queria ver suas unhas desbotarem da cor durante a semana, para na seguinte inventar outra cor; cintilante ou não.

quinta-feira, junho 21, 2012

Três Parágrafos



Mais um dia que deixo passar não sei se em branco ou negro, passou. eu aqui sem querer fazer nada no total desapego conformista e o cheiro de merda de gatos, nada muda me sinto incapaz de reacender a chama da canção na chuva e o tribal aos pés, nem entendo o que isso quer dizer e fantasio o inabsoluto, quem sabe outro dia me ame de novo e me toque que amanheceu....quem sabe os ovos rendam boas omeletes.

As vezes da vontade de dizer alguma coisa outras de ficar perdido mergulhado nos ácaros do colchão quem sabe não ganhe numa loteria e viva 15 minutos superstar por enquanto só votos secretos e ledos enganos....assim vai disfarçado o cavalo de troia à ignorancia alheia, a ganancia e o baixo astral que impregna os poderosos e a possibilidade de perder tudo.....psicoticos se resolvendo na barbárie, ouvidos secos flagelados pela labirintite, bruxas á voarem em vassouras, surdas à sonoridade alheia...sermo vulgaris!

Novo dia e a esperança volta á ponta aos meus dedos, saio falando cotovelos à fora, eu saudosista inapto vou esquecendo palavras....deixando-as ao léu num notepad, poderia ontem ter sido diferente mas, não foi então santa paciencia não me negue "olvidar" primario de outras palavras senão as que sempre lamentam minha lamurias. não sei bem sobre o que sei mas para que sirvo nunca entendi, sem auto comiseração vou avançando e ao mesmo tempo sem me perceber com dificuldades de não niilir o niilísmo e achar frases tolas para fechar  paragráfos.

terça-feira, junho 12, 2012

É Hoje.


Eu sou a favor do amor.
Doa a quem doer.
Porque, não se enganem, o amor dói.
E não arde sem doer.
Dói e a gente sente.
O amor é dor e fonte de renda para analistas, psicanalistas.
Porque o amor nos traz tormentas mentais.
O amor é dor e misticismo.
Que os diga os astrólogos, falsos profetas e messias.
O amor é dor e é mentira.
Devolvo seu amor em sete dias.
Mentira.
Trago de volta a pessoa amada.
Mentira.
Quem ama não mata.
Mentira.
Eu te perdôo, amor.
Mentira.
Mas eu continuo sendo favorável ao amor.
O amor louco, transloucado, roubado, proibido, escondido.
O amor de armadilha, de artimanha, de estratégia.
O amor súbito, inesperado, despreparado.
O amor construído, arquitetado, planejado.
O amor casto, puro, sincero.
O amor vadio, profano, plural e díspare.
O amor em número ímpar.
Porque o amor é dor, mas não é castigo.
O amor é dor e escolha.
O amor é serenidade e movimento.
O amor é aquilo que move o mundo.
Eu desejo que você ame muito e seja amado.
Que não sendo amado, continue amando muito.
Que sendo muito amado, retribua.
O amor é dor e é destino.
Às vezes nos leva a lugares inóspitos, territórios desconhecidos.
Não se engane, o amor dói e é gostoso.
E amar é um caminho sem volta.
Feliz Dia dos Namorados.

sexta-feira, junho 01, 2012

Lua de Junho





A lua chegou, despontou no céu de Junho,
Linda e cheia de promessas...
Ah! Lua minha, que a nuvem encobriu,
Entre o Pão de açúcar e a torre do Rio Sul.
Sob o céu da Guanabara,
Tem ainda todo o Aterro com seus carros,
Bicicletas, motossssssssssscicletas,
Na pista, velox!
Sem falar das curvas que se exibem únicas,
Como as garotas "nights" cariocas,
Investidas com tops, shorts e tatoos...
Sem nada a declarar,
Sem suspeitas, sem vergonhas ou religiões...
Gatas sem nada.
A lua enfim assumiu seu lugar,
No céu.
E só pra contrariar,
Não vou te contar a nova do Lew...
Ah, deixa pra lá, vem ver comigo,
A linda noite de luar.

sábado, abril 21, 2012





"O Fim do Mundo é uma abstração porque nunca aconteceu. Ele não tem nenhuma existência no mundo real. Cessará de ser uma abstração apenas quando ocorrer - se ocorrer. (Não pretendo conhecer "o pensamento de Deus'' sobre o assunto - nem possuo qualquer conhecimento científico sobre um futuro ainda não existente.) Vejo apenas uma imagem mental e suas ramificações emocionais; de tal forma que o identifico como um tipo de vírus fantasmagórico, uma estranha doença de mim mesmo, que deve ser eliminada em vez de ser hipocondriacamente cozida em banho-maria e tolerada. Desprezo o "Fim do Mundo'' como um ícone ideológico apontado para minha cabeça pela religião, pelo Estado e pelo meio cultural, como uma razão para não se fazer nada."

Hakim Bey

terça-feira, abril 10, 2012


“Os políticos e as fraldas devem ser trocados
 frequentemente e pela mesma razão”.

Eça de Queiróz

Three Days



"Three Days"

Three days was the morning.
My focus three days old.
My head, it landed
To the sounds of cricket bows...

I am proud man anyway...
Covered now by three days...

Three ways was the morning.
Three lovers, in three ways.
We knew when she landed,
Three days she'd stay.

I am a proud man anyway...
Covered now by three days...

We saw shadows of the morning light
the shadows of the evening sun
till the shadows and the light were one.

Shadows of the morning light
the shadows of the evening sun
till the shadows and the light were one...

True hunting is over.
No herds to follow.
Without game, men prey on each other.
The family weakens by the bite we swallow...

True leaders gone,
Of land and people.
We choose no kin but adopted strangers.
The family weakens by the length we travel...

All of us with wings...
All of us with wings...
All of us with wings!
All of us with wings!
All of us with wings!
All of us with wings!

Erotic Jesus lays with his Marys.
Loves his Marys.
Bits of puzzle,
Fitting each other.

All now with wings!

Oh my Marys!
Never wonder...
Night is shelter
For nudity's shiver...

All now with wings... 

quinta-feira, abril 05, 2012

TOC


olha outra vez
tenta entender
de novo ,
o que nunca entendeu.

a fantasia absoluta
sem defesa ou insigth
de novo o mesmo
a se disfarçar de novo

ovo por ovo
será do povo
o lamento que ovo?
será de novo.

Estorvo....
coisa "t.o.c",
on a heavens door.
sem perdão e nem dó.

Malvinas de novo em foco!

segunda-feira, março 26, 2012

Quimeras, entre o Outro (Nosso) Eu

Entre o ser e o ter há um existir, uma falta, um devir. Há um Outro lá e este não sou Eu. Vejam, eu não estou aqui a falar alhures, apenas sobre o vazio que o cotidiano as vezes nos apresenta. Como sujeitos mal (muito bem) acabados, somos o que nos resta; de dias e noites cobertos de dores, de amores, de desejos e de percepções que captamos aqui e ali. Ah, mas eu poderia falar sobre outras coisas, sobre a "coisa" que invade e transforma a nossa sobrevivência em um algo mais criativo. Somos sim, sujeitos de quimeras e que vão aos poucos se transformando em desejos nem sempre realizáveis, mas constituídos de outras novas e estranhas quimeras, que nomeamos conforme e quando os nossos caprichos assim se fazem presentes. Somos sim, senhoras e senhores, pessoas de bem, que só "esperam" e "tentam" produzir nada mais do que hipóteses de uma vida mais feliz. Até quando e enquanto assim o empurrarmos, ao nosso querido e eterno, em nome do pai e que se faz sempre presente, o quiser. É um ponto final ou apenas um será, onde nada além do nada, imaginamos estará? E quem é que me responderá?

sexta-feira, março 23, 2012

Faz tempo que faz tempo!



faz tempo que não mudo de idéia
e encontro algo novo
que queira comentar talvez,
o último capítulo da novela.

ou a preguiça de postar.
não mais pensar, só olhando,
feridas que não se curam
as quais sequer queremos
falar sobre.

Diagonosticar no absurdo,
metástases emocionais
impregnada de dores para,
realizar a letra da fantasia
anima mundis...anima mater

Causa sui!

quarta-feira, março 07, 2012

Hoje é dia de Sara_Evil!


Parabéns,
feliz aniversário,
feliz dia,
feliz vida,
feliz da vida,
felicidades!!!
Te amo de montão, Mano véio na veia, Peninha, Sara_Evil e etc e tal! 

Saúde, paz e amor!

terça-feira, março 06, 2012

Tesouros Da Juventude!


Direito ao Delírio - Eduardo Galeano
Extraído do livro "De Pernas pro Ar — A Escola do Mundo ao Avesso"
Editora L&PM - Tradução de Sérgio Faraco.

Já está nascendo o novo milênio. Não dá para levar muito a sério o assunto: afinal, o ano 2001 dos cristãos é o ano 1421 dos muçulmanos, o 5114 dos maias e o 5761 dos judeus. O novo milênio nasce num 1.º de janeiro por obra e graça de um capricho dos senadores do Império Romano, que um bom dia decidiram quebrar a tradição que mandava celebrar o ano-novo do começo da primavera. E a conta dos anos da era cristã deriva de outro capricho: um bom dia, o papa de Roma decidiu datar o nascimento de Jesus, embora ninguém saiba quando nasceu. O tempo zomba dos limites que lhe atribuímos para crer na fantasia de que nos obedece; mas o mundo inteiro celebra e teme essa fronteira.

Um Convite ao Vôo

Milênio vai, milênio vem, a ocasião é propícia para que os oradores de inflamado verbo discursem sobre os destinos da humanidade e para que os porta-vozes da ira de Deus anunciem o fim do mundo e o aniquilamento geral, enquanto o tempo, de boca fechada, continua sua caminhada ao longo da eternidade e do mistério.
Verdade seja dita, não há quem resista: numa data assim, por arbitrária que seja, qualquer um sente a tentação de perguntar-se como será o tempo que será. E vá-se lá saber como será. Temos uma única certeza: no século 21, se ainda estivermos aqui, todos nós seremos gente do século passado e, pior ainda, do milênio passado.
Embora não possamos adivinhar o tempo que será, temos, sim, o direito de imaginar o que queremos que seja. Em 1948 e em 1976, as Nações Unidas proclamaram extensas listas de direitos humanos, mas a imensa maioria da humanidade só tem o direito de ver, ouvir e calar. Que tal começarmos a exercer o jamais proclamado direito de sonhar? Que tal delirarmos um pouquinho? Vamos fixar o olhar num ponto além da infâmia para adivinhar outro mundo possível: o ar estará livre de todo o veneno que não vier dos medos humanos e das humanas paixões; nas ruas, os automóveis serão esmagados pelos cães; as pessoas não serão dirigidas pelos automóveis, nem programadas pelo computador, nem compradas pelo supermercado e nem olhadas pelo televisor; o televisor deixará de ser o mais importante membro da família e será tratado como o ferro de passar e a máquina de lavar roupa; as pessoas trabalharão para viver, em vez de viver para trabalhar; será incorporado aos códigos penais o delito da estupidez, cometido por aqueles que vivem para ter e para ganhar, em vez de viver apenas por viver, como canta o pássaro sem saber que canta e como brinca a criança sem saber que brinca; em nenhum país serão presos os jovens que se negarem a prestar o serviço militar, mas irão para a cadeia os que desejarem prestá-lo; os economistas não chamarão nível de vida o nível de consumo, nem chamarão qualidade de vida a quantidade de coisas; os cozinheiros não acreditarão que as lagostas gostam de ser fervidas vivas; os historiadores não acreditarão que os países gostam de ser invadidos; os políticos não acreditarão que os pobres gostam de comer promessas; ninguém acreditará que a solenidade é uma virtude e ninguém levará a sério aquele que não for capaz de deixar de ser sério; a morte e o dinheiro perderão seus mágicos poderes e nem por falecimento ou fortuna o canalha será transformado em virtuoso cavaleiro; ninguém será considerado herói ou pascácio por fazer o que acha justo em lugar de fazer o que mais lhe convém; o mundo já não estará em guerra contra os pobres, mas contra a pobreza, e a indústria militar não terá outro remédio senão declarar-se em falência; a comida não será uma mercadoria e nem a comunicação um negócio, porque a comida e a comunicação são direitos humanos; ninguém morrerá de fome, porque ninguém morrerá de indigestão; os meninos de rua não serão tratados como lixo, porque não haverá meninos de rua; os meninos ricos não serão tratados como se fossem dinheiro, porque não haverá meninos ricos; a educação não será privilégio de quem possa pagá-la; a polícia não será o terror de quem não possa comprá-la; a justiça e a liberdade, irmãs siamesas condenadas a viver separadas, tornarão a unir-se, bem juntinhas, ombro contra ombro; uma mulher, negra, será presidente do Brasil, e outra mulher, negra, será presidente dos Estados Unidos da América; e uma mulher índia governará a Guatemala e outra o Peru; na Argentina as loucas da Praça de Mayo serão um exemplo de saúde mental, porque se negaram a esquecer nos tempos da amnésia obrigatória; a Santa Madre Igreja corrigirá os erros das tábuas de Moisés e o sexto mandamento ordenará que se festeje o corpo; a Igreja também ditará outro mandamento, do qual Deus se esqueceu: "Amarás a natureza, da qual fazes parte"; serão reflorestados os desertos do mundo e os desertos da alma; os desesperados serão esperados e os perdidos serão encontrados, porque eles são os que se desesperaram de tanto esperar e os que se perderam de tanto procurar; seremos compatriotas e contemporâneos de todos os que tenham aspiração de justiça e aspiração de beleza, tenham nascido onde tenham nascido e tenham vivido quando tenham vivido, sem que importem nem um pouco as fronteiras do mapa ou do tempo; a perfeição continuará sendo um aborrecido privilégio dos deuses; mas neste mundo confuso e fastidioso, cada noite será vivida como se fosse a última e cada dia como fosse o primeiro.


"Não há nada tão estúpido como a
inteligência orgulhosa de si mesma". - Mikhail Bakunin 

terça-feira, fevereiro 28, 2012



eu tive um sonho,
que não era bem um sonho,
tão pouco pesadelo ou delirio.
Era só um sonho!

Inexplicavel como falta de energia
em baterias de carros elétricos garantidos
por anos a fio pela indústria que os certificam.
peça de espetáculo me deixando a pé,
dando defeito; canção ortodoxa
em meio aos paradoxos do dia a dia!

aprisone-me por anos, desfaça meu passado;

negue meu nome a quem pronucia-lo.
diga-lhes que, minha palavra é falsa fonetica,
oculte minhas esperanças,
não se atreva a sentir pena de mim....


Hora do almoço alguns querem feijoada,
outros dobradinha, lazanha ou churrasco
alguns só arroz e outros mamãe eu não quero!
o que fazer diante de tanta adversidade?

tirem-lhes o arroz!
deixem-lhos à deriva,
diga-lhes que deus dará!

Vivendo um dia de cada vez!

quinta-feira, fevereiro 16, 2012

Estátua



Brasil meu brazil
brasileiro terra de strangeiros
(star_cruisers)
e vermes na barriga dos meninos;

Outro sim bonsucesso e
avenida brasil
viaduto Lobo Junior
outro caminho diferente da beira mar!

de outro modo
água de coco,
foto com a estátua
de Drumond sem óculos.

Deixa eu ver
se me lembro
o que vim a dizer
não importa

nada é igual...!

Quantas transgressões
por um simples verso
outras vezes postergado...
Calado, meia noite.

meio dia e meio
a manhã passou
e a tarde virá
é hora do almoço.

JOSS STONE; Right to Be Wrong (LEGENDADO)

terça-feira, fevereiro 14, 2012

Eu voltei.

Ah sim claro fique por favor estupefato esbugalhe os olhos
disfarce as lágrimas a saliva no dente delatora
o brilho os saltos a energia acumulada
ria grite se espalhe
eu voltei pior que nunca.

segunda-feira, fevereiro 13, 2012

Chuva interna

Tudo parado, estático...
No ar uma questão, eu quero?
Na vida tudo caminha, em frente...
Ao lado uma questão, eu vou?
Na rua o bloco passa, brincando...
A pessoas cantam, eu ouço?
Lá fora a chuva cai, molhando...
Cá dentro meus olhos choram, eu posso?
Amanhã renasce, é o novo dia que chega...
E novamente, eu sinto?

quarta-feira, fevereiro 08, 2012

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Palavras Á Toa!



E por falar em beleza, me coloco em palavras que compõem os versos meus. É claro que tais palavras não surgem por mero acaso, mas como todas as palavras que a minha mão escreve e inscreve o dito á toa, elas me animam a alma às vezes aflita, em outras, distraída... Ah! Mas o que seria da palavra minha se de vocês que a recebem, não correspondessem com outra palavra, um sorriso e até mesmo um suspirar? Foi bom pra você? Imagine para quem a elas deu vida, um novo sentido e criatividade. Sim, senhoras e senhores, nossas palavras fazem conjunto com a leitura anfitriã do leitor. Nossas palavras como verdadeiro alento e carinho para momentos inusitados, plenos e vazios de esperar... Do inesperado Outro, sempre atento e pontual. Nossas palavras como respostas que intervém não só em nossas subjetividades pessoais, mas também como um caminho a possibilitar o novo, real e o imaginário.