Radio A Toa

quarta-feira, junho 29, 2011

Nada como um sonho depois de outro.....



Dizia assim ele de mim,
algo que não diria e,
não sei se voce tambem, 
sabe-se o que se
diz boca...à fora,

sabe-se lá 
o que se coloca
dentro da cachola,

vira palavra no
meio do verso,
assim como a busca
pela frase absoluta.


Nada se diz
da boca à fora,
senão o que a boca resolve
trazer de dentro,

nem sempre elogiosos,
nem sempre maledicentes,
mas de fato ditos!

II

è divertido,
ouvir o folclore falado,
vivido e idealizado
acontecendo que nem maquina.
enchendo garrafa
d'água aos montes e, 
a pet à imperdenir
nosso dia.

aos montes aos bilhões,
montanha de plastico,
elemento artificial à paisagem; 
real ao resto consumista.

Que nos abala!

III

Porém em outra feita
a atmosfera era limpinha,
sem mazelas metabólicas
e as unhas não padeciam de bactérias.

bancos finanaciam as
falcatruas capitais.
outro dia ainda:
- lembro, andava sonhando!

terça-feira, junho 28, 2011

Lenine - Paciência Acústico

Diga! Como você quer que escreva o elogio à sua presença?



Diga assim, sem palavras
de qualquer maneira
de qualquer outro jeito,
gruindo, rindo...maledizendo.

Mas diga!

Qualquer outra palavra,
nunca dita,
não sei se há?
mas não duvido.

Sabe-se lá, como a lingua
irá bater nos dentes,
talvez rock, hip-hop,
aerosmith ou faith no more?

Quem sabe entre nacos
de pão francês, mortadela
e, goles de coca-cola:
no café da manhã.

Sabe-se? o que a lingua planeja,
para ontem no meio, dessa urgente
geografia psicosomática;
não quero reviver... mesmas palavras.

domingo, junho 26, 2011

Sê é que, sou !?



Olhos que olham o escuro com visão noturna,
corpos que abusam da química: atrás,
de serotoninas e o apaziguamento do desejo
mulheres mal ditas, pelo que elas tem de melhor
doar-se sem saber porque ou,
só pra sentir de novo, o que esqueceu da última vez...
dar-se de forma inevitavél ao inesperado
que acontece quer se queira ou não.

Engraçado olhar a gramática e não entender mais
a fonetika vulgar que transita pelas ruas de sapato alto,
num rebolado forçado à tentar o equilibrio num salto 15
e pernanecer em pé das 6:00 às 22:30 diariamente.
Fantasiando kantos gregorianos do amanhecer
ao por do sol até antes do jornal nacional,
necessitar de trinta moedas
e por elas se expor a justiça divina
cantar feito corista desafinado,
expulso do coro dos contentes
pela infalível deliberação papal...

Canonizar-se numa missa campal 
sob a Santa Benção,
dizer; algo que ninguem vai ouvir
sobre a crueldade colonial
e se adaptar a vacina;
cria da sua própria decadência.

Quem sabe o meu nome,
o sabe para negá-lo durante a madrugada
que abençoa alguns e malediz outros,
como quem chama camelot, num trem,
p'rá saciar a sede! e esconder seu relógio
de aço cirurgico simbolo do status serviçal.

A palvra é tão dinâmika
que qualquer um pode fala-la lá
como quiser, ficar negro como o nanquim
das tatuagens....talvez,
dizer de novo o já dito
de maneira que nunca foi dita antes.
verbos acumulados como contas de água e de luz!
Light your fire....Light my fire....Light our fire
come on light the fire.....we gonna get try again!!!!

Verso é o karalho
vou falar assim sem metrica
de qualquer maneira, contradizer-me
feito bezerro a berrar diante da
infalibidade do pronunciado
carrasco que diz não
ter nada a ver com isso.

sábado, junho 25, 2011

750.000 Anni Fa ... L'amore? - Banco Del Mutuo Soccorso





Già l'acqua inghiotte il sole
ti danza il seno mentre corri a valle
con il tuo branco ai pozzi
le labbra secche vieni a dissetare
Corpo steso dai larghi fianchi
nell'ombra sto, sto qui a vederti
possederti, si possederti... possederti...

Ed io tengo il respiro
se mi vedessi fuggiresti via
e pianto l'unghie in terra
l'argilla rossa mi nasconde il viso
ma vorrei per un momento stringerti a me
qui sul mio petto
ma non posso fuggiresti fuggiresti via da me
io non posso possederti possederti
io non posso fuggiresti
possederti io non posso...
Anche per una volta sola.

Se fossi mia davvero
di gocce d'acqua vestirei il tuo seno
poi sotto i piedi tuoi
veli di vento e foglie stenderei
Corpo chiaro dai larghi fianchi
ti porterei nei verdi campi e danzerei
sotto la luna danzerei con te.

Lo so la mente vuole
ma il labbro inerte non sa dire niente
si è fatto scuro il cielo
già ti allontani resta ancora a bere
mia davvero ah fosse vero
ma chi son io uno scimmione
senza ragione senza ragione senza ragione
uno scimmione fuggiresti fuggiresti
uno scimmione uno scimmione senza ragione
tu fuggiresti, tu fuggiresti...


ESPELHO

Por acaso, surpreendo-me no espelho:
Quem é esse que me olha e é tão mais velho que eu? (...)
Parece meu velho pai - que já morreu! (...)
Nosso olhar duro interroga:
"O que fizeste de mim?" Eu pai? Tu é que me invadiste.
Lentamente, ruga a ruga... Que importa!
Eu sou ainda aquele mesmo menino teimoso de sempre
E os teus planos enfim lá se foram por terra,
Mas sei que vi, um dia - a longa, a inútil guerra!
Vi sorrir nesses cansados olhos um orgulho triste...

Mario Quintana

sexta-feira, junho 24, 2011


"Nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente ,a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa."

Fernando Pessoa

LSD




a Little of Sex and Desire
pode ser o que se pretenda.
Lucy in the Skies with Diamonds,
é o que pode fazer-nos;
felizes por uma tarde
em meio aos eternos campos
das frutas vermelhas, clamando por:
Love, Surrender 'n' Devotion.

eros e tanatos
se afogando num caldo
piscinal infinito
de qualidade cósmica,
placentário;
auto destrutivo/construtivo:
como imagina-se o gozo,
e os mistérios anímicos.

Louvado Seja Deus,
é mutante, e já não nos cabe mais;
ele não nos toma conta às vezes;
somos ele o tempo inteiro.

gritando por,
Love, Sex 'n' Death
feito crendeiros que clamam por
Leniência, Sinceridade e Discernimento
todas as manhãs quando acordamos
orando feito os cristões por
Louvor, Serenidade e Dejúrio
como prescreveram os templários.

Lumpensinatos, Sincorologia e Democracias
em nome da Familía, da Tradição e da Propriedade
como nos juraram desde a pré historia
antes de nossos ancestrais.

Lalofóbicos, Serviçais e Dactilomânticos
salabordiando à advinharem nossa sorte,
erguendo o "pai de todos"
para a mundiça multívaga!

quinta-feira, junho 23, 2011

Desejos



Desejo a vocês
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com os amigos
Viver sem inimigos
Filme na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Ouvir uma palavra amável
Ver a banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir não
Nem nunca, nem jamais
Nem adeus
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de amor
Tomar banho de cachoeira
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas com alegria
Uma tarde amena
Calçar um chinelo velho
Tocar violão para alguém
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu

Carlos Drummond de Andrade

NAMORADA (A Romantic Mix)



Fico todo prosa em ver a minha namorada valente derrotando todos os medos para me amar, em saber que escuta sua própria voz para vir por inteiro para mim, quando estou aqui triste ela chega perto de mim e se aninha em meu peito e ensrosca suas pernas nas minhas até adormece-las, olha no meu olho, enxergando a minha alma e diz pra mim q não há bem q sempre dure e de q este mal tb é passageiro....lembrando as palvras de sua vó....misturadas com as infantis lembranças matinais de café e pão com manteiga....

Essa menina olha para mim e tem a certeza q entendo seu sorriso e me leva da formalidade a mais escrachada das brincadeiras....acha graça dos meus formulários e me ama sem burocracia....minha namorada ilumina a escuridão da estrada, traçando um sendeiro luminoso para as revoluções q trazemos adormecidas no coração, ensina para mim o que eu esqueci ou por omissão não aprendi....me faz moleque de novo.....me faz de gato e sapato...me deixa de quatro no ato....me ensinando a por virgulas em meus desvairios.....menina esta q quando me olha me deixa a impressão de que há naves espaciais escondidas nas poças aonde miro as abstrações das imagens q povoam o meu inconsciente....e me afirma amorosamente q so se encontrara quem se perder....

Minha namorada, é perfumada, cheirosa feito frutas citricas, refrescante feito orvalho da manhã, me deixa bobo achando q valeu a pena preservar a inocencia....ela é a fonte de toda a riqueza emocional q ouso sonhar, a mãe de meus acertos e de minhas invenções...cuida de mim e me mostra q devo ser responsável pela sua felicidade....ela se aproxima de mim e com os olhos brilhando, olho para ela e digo sim!...um sim gago de tanta emoção...então ela se ri de mim, me afirmando q não ri de mim, mas para mim..é por isso q sei quando ela ri ou de quando ela sorri..q me dá a intuição de ouvir seu recado sabendo q é dela a voz na secretária eletronica q pisca um recado internitentemente me esperando chegar...que fala comigo arfejante parando de fazer tudo o q congestiona sua tarde...só pra rir pra mim com sorriso de namorada querida..q castiga os iniquos por pura justiça e consciencia....me deixa sentindo seu coração pulsar forte na cadencia q percebo ecoar na sala...me deixa feliz em saber q ouvir a minha voz, um oásis se abre em meio a miragens desta tarde de calor desértico...e quando vem a noite ela se aproxima lasciva a me falar de suas duvidas e me brindar com suas certezas...minha namorada não tem medo do presente deixa sangrar suas emoções e se liberta pouco importando se há futuro...se contem para me mostrar o quanto pode despir-se de tudo que a embaraça...e fica timida me olhando melado enquanto me mostra os peitinhos, pedintes para me amamentar.....minha namorada me emociona quando fica calada suspirando feito julieta ou quando geme em abandono de gozo....saciando a sede de intimidade de q tanto careço....me espera chegar armando planos para me fazer feliz...tomando posse de sua vida e chegando perto de mim cheia de atitude...ciente de q sou seu namorado.....

terça-feira, junho 21, 2011

A crise econômica e a resistência na Europa

Está em movimento uma importante articulação protagonizada por economistas, professores e pesquisadores de vários países da Europa, por meio de um documento que ficou conhecido como “Manifesto dos Economistas Estarrecidos” (http://atterres.org/?q=node/1)


Passados mais de 2 anos do momento simbólico de deflagração da crise económica actual, a realidade dos países e economias afectadas ao redor do mundo é bastante discrepante. Em meados de Setembro de 2008, a situação das instituições financeiras norte-americanas revelava-se insustentável. A partir da quebra do banco Lehman Brothers, verifica-se uma espécie de efeito-dominó sobre um conjunto de instituições bancárias e de crédito naquele país. É a chamada crise do “sub-prime”, fortemente afectada pelo mercado hipotecário do sector imobiliário e da construção civil.
Os bancos estavam completamente sem lastro em suas operações de empréstimo, os preços dos imóveis viviam um fenómeno de alta de preços irreal e insustentável no longo prazo – a chamada bolha artificial do mercado de imóveis.
No entanto, em função das características do mercado financeiro altamente globalizado, os efeitos da crise nos Estados Unidos logo se fizeram sentir em outras regiões do planeta, como a Europa, a América Latina, a Ásia e África. Tendo iniciado apenas na esfera financeira, logo as consequências da crise vieram também para o chamado sector real, com efeitos sobre a produção de bens e serviços, o nível de emprego, o ritmo de consumo, a dinâmica do comércio internacional (exportações e importações) e sobre a capacidade fiscal dos Estados. Em resumo, a recessão surgiu não apenas como uma ameaça, mas também como uma realidade a ser enfrentada de forma urgente.
A situação dos países integrantes do chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) foi menos influenciada, em razão de características específicas dos mesmos. Sistema financeiro menos desbalanceado do que o norte-americano e o europeu, fôlego para o desenvolvimento de uma saída dirigida para seus próprios mercados internos (em razão de um mercado consumidor muito populoso) e um incremento nas relações comerciais no esquema “sul-sul”, menos dependente das trocas com os países mais afectados pela crise.
Assim, enquanto os países como o Brasil e outros conseguiam já se recuperar em 2009, os Estados Unidos e a Europa permanecem em recessão mais longa, com “crescimento negativo” do PIB (eufemismo delicado do “economês” para descrever a recessão) para 2009 e 2010. Nos países centrais, as políticas adoptadas pelos governos foram no sentido de “salvar” o efeito de quebradeira generalizada do sistema financeiro, por meio de alocação de recursos públicos nas instituições bancárias e de crédito, além de oferecer uma política de isenções e incentivos para as grandes empresas continuarem suas actividades produtivas. Apesar de tais medidas começarem a surtir efeito na América do Norte, a situação do outro lado do Atlântico Norte é bastante mais complexa.
O primeiro aspecto a considerar é o próprio desenho institucional em marcha, o da construção da União Europeia. Apesar dos avanços obtidos em termos da unificação monetária da zona do euro, da consolidação do Banco Central Europeu (BCE), da efectivação da Comissão Europeia e do próprio Parlamento Europeu, o fato é que o processo unificatório ainda está em marcha. A UE é composta de países, com a sua própria institucionalidade social, política e económica, os quais contam com seus próprios Estados – poderes executivo, legislativo e judiciário. Têm seus próprios orçamentos votados em cada Nação e exercem um conjunto de políticas públicas em seus respectivos espaços – por exemplo, a política de impostos. E nessas condições, a urgência de adopção de medidas centralizadas e impostas a um conjunto tão diverso é muito mais difícil de se obter.
Outro aspecto relevante a se considerar é o da correlação de forças políticas existente hoje no chamado Velho Continente. Observou-se no passado recente, em diversas eleições a conformação de maiorias políticas de carácter bastante conservador, com os casos emblemáticos de Berlusconi na Itália, de Sarkozy na França, de Merkel na Alemanha, entre outros. A exemplo dos responsáveis pela política económica nos Estados Unidos, esses governos também foram forçados a abandonar, logo no início da crise, o discurso liberal mais radical. A presença do Estado foi solicitada, na forma de alocação de recursos da UE e de cada orçamento nacional em particular, sempre para socorrer instituições financeiras e oferecer incentivos às empresas.
Mas nem mesmo assim as medidas foram efectivas para afastar os chamados “riscos de contaminação”. As acções especulativas nos mercados financeiros se concentraram em acções nos elos mais frágeis da UE. Assim, encontraram no caso da Espanha, da Irlanda e, logo em seguida, no da Grécia, um conjunto de espaços para proliferar a bolsa de apostas do próximo país a quebrar. A situação de recessão e desemprego está perdurando mais tempo na região europeia e o nível de insatisfação do movimento sindical e da sociedade civil organizada é bastante elevado.
A postura e as propostas que saem de Bruxelas e dos governos nacionais não contribuem para a formulação de uma agenda positiva, que tenha como foco de preocupação também os aspectos sociais da crise actual. Pelo contrário, voltam à cena as antigas propostas do FMI, que pareciam ter sido esquecidas com a retomada das políticas públicas de carácter keynesiano e desenvolvimentista. A receita continua sendo a de obtenção de superávit primário e de aprofundamento dos cortes orçamentários nos sectores que interessam à maioria da população, a exemplo de saúde, previdência, educação, transportes, auxílio desemprego. E permanece o estímulo ao processo de financeirização das economias.
A resistência se dá por meio dos movimentos de protesto e contestação, como ocorre actualmente na França, contra a proposta de reforma do sistema previdenciário. Ou na Alemanha contra as propostas de cortes orçamentários nas áreas sociais, redução do salário-desemprego e demissão de funcionários públicos. Ou na Itália, com os sucessivos escândalos políticos do governo, sempre com propostas impopulares e polémicas, como as reduções de despesas na área social e as restrições aos trabalhadores imigrantes.
E nesse bojo ganha fôlego uma importante articulação protagonizada por economistas, professores e pesquisadores de vários países da Europa, por meio de um documento que ficou conhecido como “Manifesto dos Economistas Estarrecidos” (1). Iniciado na França, a adesão já ultrapassou os limites da própria Europa. E espalhou-se para o conjunto da sociedade, conseguindo apoio inclusive no movimento sindical. Trata-se de mais uma iniciativa de elevada significação política e mobilizatória. Ou seja, os próprios economistas se posicionando e criticando de forma explícita as opções baseadas na ortodoxia liberal. |Assim, o documento afirma com todas as letras que existem, sim! alternativas às proposições originárias dos escritórios da tecnocracia de Bruxelas.
A estrutura do documento dos “economistas estarrecidos” são 10 itens, chamados pelos autores de “falsas evidências”, a partir dos quais eles pretendem demonstrar a ineficiência e a injustiça das propostas ortodoxas. E propõem medidas distintas para buscar solucionar a grave crise por que passam aqueles países. São elas:
Falsa evidência n° 1 – “Os mercados financeiros são eficientes”. Não, a crise demonstrou que os mercados não são eficientes, no sentido de apontar os equívocos de determinadas opções e quadros de irracionalidade. Podem ser eficientes na lógica do capital, mas não na lógica do social.
Falsa evidência n° 2 – “Os mercados financeiros são favoráveis ao crescimento económico”. Não, os mercados financeiros têm uma lógica de atender aos seus próprios interesses, mesmo que isso ocorra às custas dos interesses da maioria da população.
Falsa evidência n° 3 – “Os mercados são bons avaliadores da solvência dos Estados”. Não, os mercados operam com espírito de especulação e buscam ofuscar realidades quando de seu interesse ou provocar crises quando for necessário.
Falsa evidência n° 4 – “A elevação da dívida pública é consequência de um aumento nas despesas”. Não, a maior responsável pelo aumento da dívida pública é a política de concessão de isenções fiscais e benefícios tributários para as grandes empresas. Até pouco antes da eclosão da crise, as contas públicas dos Estados membros da UE mostravam um certo controlo da questão fiscal.
Falsa evidência n° 5 – “É necessário reduzir as despesas para reduzir a dívida pública”. Não, a solução é justamente manter as políticas de despesas públicas em áreas como saúde, educação, previdência, auxílio desemprego e moradia, entre outras, para garantir que a saída da crise a médio prazo não afecte a capacidade dos países nesse tipo de quesito básico.
Falsa evidência n° 6 – “A dívida pública transfere o custo dos excessos actuais para as gerações futuras”. Não, o documento reforça o argumento de que a economia de um país não pode ser tratada como a economia de uma família. O que se faz necessário é alterar a transferência dos beneficiários da crise. Não mais favorecer os especuladores e as grandes empresas, e sim oferecer apoio aos trabalhadores e à maioria da população.
Falsa evidência n° 7 – “É necessário tranquilizar os mercados financeiros para conseguir financiar a dívida pública”. Não, a crise actual não é apenas resultado da intranquilidade do mercado financeiro. Pelo contrário, os Bancos Centrais dos países da EU são proibidos de financiarem seus próprios governos. Estes são obrigados a recorrer a bancos privados e pagar taxas de juros exorbitantes por tais operações.
Falsa evidência n° 8 – “A direcção actual da União Europeia defende o modelo social europeu”. Não, o Manifesto reconhece que existem vários modelos de construção europeia. Mas afirma que a hegemonia actual da direcção em Bruxelas está ancorada em uma visão excessivamente liberal da dinâmica económica. Dessa forma, faz-se necessária a reafirmação de outra estratégia de construção europeia, com maior foco no social e com medidas que evitem que a liberdade absoluta de fluxo de capitais para os espaços exteriores à EU continue a provocar as actuais consequências negativas da crise.
Falsa evidência n° 9 – “O euro é um escudo protector contra crise”. Não, infelizmente aquilo que deveria actuar como instrumento de protecção não se comportou de tal maneira. Apesar da união monetária, o comportamento dos países europeus é muito díspar, de forma que cada um deles acaba adoptando uma estratégia para o enfrentamento da crise. Apenas a existência da moeda unitária não é suficiente. O caminho passa por uma maior centralização na adopção de medidas comuns e no estabelecimento de um sistema de compensações das trocas comerciais entre os países.
Falsa evidência n° 10 – “A crise grega possibilitou finalmente avançar rumo a um governo económico e a uma verdadeira solidariedade europeia”. Não, a crise grega apenas serviu como alerta para a necessidade de medidas contra a ampliação da crise. No entanto, as acções propostas pela Comissão Europeia não reforçaram as medidas de solidariedade na direcção daquele País. Pelo contrário, as exigências impostas ao governo grego foram sempre no sentido de redução dos gastos públicos de carácter social e sem perspectivas de recuperação no médio e longo prazo.
Em resumo, o que se observa é uma saudável iniciativa de crítica aos modelos actualmente vigentes nas decisões tomadas pela Comissão Europeia, mas combinado com um movimento de tornar mais acessível à maioria da população o debate de importantes temas económicos. Decifrar o economês e aproximar os não-economistas desses assuntos é uma tarefa urgente, pois nada é mais carregado de conteúdo político do que as decisões assim chamadas de “técnicas” pelos responsáveis pelas políticas económicas da maioria dos países do mundo. Sim, pois quanto mais a maioria da população se mantiver alheia a esse tipo de discussão, tanto mais fácil será perpetuar a política económica dirigida a beneficiar a minoria.

A poesia de Manoel de Barros


A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas,
que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora,
que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas.

Manoel de Barros

segunda-feira, junho 20, 2011

Beijo



Duas bocas em delírio
Numa transe irreal
Adoro a boca
Com ela sinto o gosto
O gosto doce
O gosto amargo
O gosto do gozo
Na minha boca
Uma boca louca
Com outra
Quero beijar...

TRANSIT GLORIA ARTIS (overload, underpaid but dreamin' a sample rated mix#3)





..."a dominação universal do valor de troca sobre os seres humanos, o que, impede a priori os sujeitos de serem sujeitos e reduz a própria subjetividade a mero objeto" (DN, 180). "Todos os momentos qualitativos são esmagados" (DN, 92) pela troca que "mutila " tudo (5). A troca é "o mau fundamento da sociedade em si" e "o caráter abstrato do valor de troca se une, antes de qualquer estratificação social particular, à dominação do universal sobre o particular e da sociedade sobre seus membros [...]. Na redução dos seres humanos a agentes e portadores da troca de mercadorias, esconde-se a dominação de alguns seres humanos sobre outros [...]. O sistema total assume esta forma: "todos devem submeter-se à lei da troca se não quiserem perecer" (6). O caráter de fetiche adquirido pela mercadoria "invade como uma paralisia todos os aspectos da vida social" (7). Enquanto o valor de uso "se atrofia" (TE, 298), o que se consome é o valor de troca como tal (TE, 37).


Theodor W. Adorno


domingo, junho 19, 2011



O amor, quando se revela...

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Fernando Pessoa

Romantics


Ah, essa histeria,
de mostrar e esconder,
revelar-se...
O sim, o não,
extrapolar e conter,
o que se quer,
o que não se deve,
do desejo e do gesto
encobridor...
Suavemente deixar ver,
uma parte, um pedaço,
pequeno da alma.
Ah, essa "coisa"!
Que não contém explicação,
vai além de qualquer razão.
Deixa-me te ver!

Almoxerifado - Isso aí, é quase aquilo!








sexta-feira, junho 17, 2011



Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.

Pablo Neruda - Tu eras também uma pequena folha

" As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido." (Fernando Pessoa)

quarta-feira, junho 15, 2011

Enya -Relaxation

Deito...fecho os olhos....sonho...


Filme Pornô



Delas roubo todas
as carícias,
todos os silencios e,
palavras gemidas!
Novo entorno
na periferia.
Possibilidades
aleatórias
num jogo de,
cartas marcadas.
Coisas só
cofessáveis;
à amantes!

domingo, junho 12, 2011

Hoje, depois de Amanhã....(Carências Afirmativas)



Eles, nos advertem:
O amanhã provavelmente virá.
O passado cumpriu sua história.
Agora, só resta ao olhar: Presentes.

quinta-feira, junho 09, 2011


A língua lambe

A língua lambe as pétalas vermelhas
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.

E lambe, lambilonga, lambilenta,
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,

entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, junho 08, 2011




Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos,
já não se adoçará junto a ti a minha dor.

Mas para onde vá levarei o teu olhar
e para onde caminhes levarás a minha dor.

Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos
uma curva na rota por onde o amor passou.

Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame,
daquele que corte na tua chácara o que semeei eu.

Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços. Não sei para onde vou.

...Do teu coração me diz adeus uma criança.
E eu lhe digo adeus.

Pablo Neruda

sexta-feira, junho 03, 2011

yael naim - lonely

Frankstein's of my youth


L'air du Temps





Eu digo que há sempre um tempo de voltar, de resignificar aquele dito que soltamos no ar, passado aéreo?
L'air du temps... Tão deliciosamente invisível como o ar que respiramos e nome(amos) como nosso?
Como as palavras que perderam a sua novidade nos livros velhos da minha estante, para retornarem em surpreendentes percepções presentes na minha mesinha d'(cabeceira.cabeleira) já grisalha de tantos anos de pensar, sentir, equivocar-se, transgredir, escolher, permitir, emocionar-se no divã de um outro, sou eu?
Associo-me livre(mente) e nova(mente) desligo o meu botão interno de não arquivar o que não quero e re(dizer) as palavras que ficaram por lá. O que será que haverá lá?