Era um corpo, exposto em um mambembe circo, bem ao lado do trem fantasma, disputando de igual para igual o terror da plateia, um grande corpo inchado feito batata esquecida em molho de água por dias, todos percebiam q tinha passado o tempo e as esperanças q ainda existiam iam se perdendo em meio as desventuras que chegavam com a ida do sol causticante de um verão jã esquecido entre canções pops e festivais neo capitalistas entre os derrubados muros das vergonhas nacionais e duras da policia, na bilheteria um grotesco anão em pernas de pau, já quase do meu tamanho gritava a plenos pulmões:
- Venham todos ver o homem e a mulher q fundiram os corpos na crença das paixões.
....Ao adentrar pela tenda observava-se a densidade do ambiente entre cheiros e vapores de corpos que se deleitavam com as bizzarias do estranho casal, que não chegavam a um ponto em comum e se socavam enquanto batiam com as cabeças em suas próprias testas....a afetividade era representada em falso bem querer e olhares de soslaio de um para o outro, a minima palavra inundava-os e uma estupidez enojante constrangia a todos na plateia....parecia que corações tentavam se libertar daquele corpo, q outrora abrigara gemidos e sussurros nas promessas q presupunham o encontro de almas....os minutos ali dentro passavam-se como anos, e podiamos perceber que muitos outros corpos iam tomando aquela forma, mentiras, cinismos criavam o clima de frustração q assustavam os jovens namorados na primeira fila....q assistiam de camorote o espetáculos das desesperanças amorosas....no olhar de um solitário espectador q parecia idealizar aquele grotesco espetáculo de outra maneira...vitima tb de desilusões se preservara e agora desejava a certeza de um amor tranquilo...tinha no semblante o sofrido olhar das suas desesperanças, tinha no corpo as cicatrizes de todas as suas carencias e apoiado em si mesmo exprimia a nescessidade de colo....porém tentava com todas as suas forças manter-se integro, buscando encontrar não só um gozo de corpo mais tb gozo de cabeças.....nos olhos traduzia a profunda necessidade de um encontro, já não havia porq supervalorizar as perdas, todos os ganhos eram aproveitados para mudar e tornar mais paciente a experiençia adquirida nos ascéticos anos de cárcere....olhos noturnos, desejoso de corpo....mente quieta, silenciosa se ria e se predispunha a ouvir todos as outras daquela tenda....e em um abstrato discurso de entrelinhas conversava com a cabeça feminina daquela desformia andrógina q se expunha ali na sua frente, por mera necessidade de sobrevivencia....em dado momento aquele balofo monte de carne e amor-reativo começa a se separar, gritos, dores e cicatrizes se abriam em um dantesto espetáculo, os infernos submergiam em um acerto de contas monogâmico/compulsivo, carregado de perversões e traições....e pra espanto de todos se separaram....explodindo feito fogos de artificio...merda, sangue e miolos para tudo quanto é lado....uma parte ficou perdida pela sala tentando se reestruturar e assistindo junto a todos nós o fundir da outra com o solitário q até então só se traduzia pelo reluzir dos olhos, q agora ilumivam a antes escura e mal cheirosa tenda...e impresionados observamos nascer um só corpo das duas partes antes distantes....unidos pelos fluidos de corpos e encontro de idéias....gozo de estrelas...atravessaram a tenda e sumiram pela estrada rindo-se de si mesmo, e trocando necessidades até sumirem no horizonte de um novo sol q nascia prometendo vida para todos aqueles estupefados espectadores......hoje em dia aquele anão não usa mais pernas de pau e aquele circo suburbano expõe outro corpo de duas cabeças num interminavel show de exquisitices amorosas!!!!!....oh! merci, mercy me!
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