Radio A Toa

quarta-feira, maio 18, 2011

Vozes



Ouço vozes do outro lado do mundo
eu ouço vozes se lamentado do rosto que tem
ou da vida que levam,
ouço vozes por ai me contando estórias
sem vírgulas ou qualquer outra acentuação
falando, respirando letras da maquinação
comum a qualquer um de nós,
coisas assim como as que usamos
quando queremos fazer charme
ou mostrar indignação.

Ouço vozes ao lado, afirmando que uma boa mulher
esta difícil de se encontrar ou que não há um ideal de homem,
enfim elas falam o que tem para dizer, brincam com o verbo
como crianças alvissareiras brincam:
de construir castelos com blocos de lego.
....lego'n'roll... por ai.

Vou ouvindo rumores
sobre o que não aconteceu,
lendas urbanas difíceis de acreditar...
lamúrias de viúvas deserdadas de suas usanças...
passwords sussurrados ao pé do ouvido,
vou por ai ouvindo o que chega aos meus ouvidos
tentando adivinhar o que passa por outros
curioso, vou tentando ouvir tudo que posso
mantendo minha boca calada,
pronta para soltar o verbo, dizer qualquer coisa e,
passar como se nunca estivesse estado aqui
antes de querer me esquecer de que quis
estar por aqui num momento ou outro....

Qualquer dia desses, silenciosos
como aqueles em que você não fala com ninguém
fica, calado ouvindo vozes na cabeça
só para ter o que escutar,
para afastar a sensaboria escaldante
da tarde de mormaço primaveril,
falta d'água e vontade de ficar de falação fiada
com qualquer um que pareça simpático
....paranormal, paradoxal;
alguém para se jogar conversa fora,
ouvir um pouco do que as vozes oferecem durante o dia.
Quem sabe essência de sonhos....
recheio de idéias, caldeirão do diabo,
quem tem a cura para dor!....o sabor de tutti fruti,
a bossa nova...e, o samba de uma nota só?.

Quando você chama meu nome,
diz por vezes coisas que quero ouvir,
por outras o que não quero escutar agora.....
ainda não, cria a expectativa de quando sim.....
falar o que se tem pra dizer, desopilar-se de esquisitices
a rapping tongue falando pelos cotovelos...
falando o que quer e o que não quer,
sem noção de como acabar o verso,
fechar a canção, esquecer de vez o que veio dizer
calar-se como um túmulo,
e ficar por ai ouvindo vozes.
...que vem do outro lado do mundo!

2 comentários:

Keila Costa disse...

...e quantas são as vozes que nos atormentam e nos alimentam nessa audição de viver, mesmo que tapemos os ouvidos, há um ruído irrefreável, mesmo surdo, que ecoa, nossas próprias palavras, que proferimos conscientes e quase sempre incoscientes na ânsia de sermos ouvidos sem que haja ressonância...Bela poesia querido! Um beijo

Nina Blue disse...

Só uma palavra me vem... Adorei!