Radio A Toa

segunda-feira, novembro 29, 2010

Somos todos Sebastiões



Sebastião cresceu, brincou, viveu seu primeiro beijo. Na adolescência, experimentou "N" sensações. Viu um pouco de tudo e também, o muito de nada. Continuou, escolheu uma profissão, freqüentou uma universidade, fez mais uns amigos, encheu a cara, fumou todas, enfim, Sebastião mandou ver.

Ele foi trabalhar e conheceu nessa mesma época, uma bela mulher. Alguém que elegeu para passar o resto de sua vida. Casou, construiu um lar. E como era de se esperar, encomendaram um rebento para perpetuar a existência do feliz casal.

Sebastião foi promovido. Tinha uma bela casa, uma mulher bacana, um filho genial, um emprego que o sustentava. Sebastião tinha uma vida perfeita.

Anos se passaram...

Sebastião começou a apresentar um sintoma: não era feliz. Ele sentia falta de algo que não conseguia compreender. Uma incógnita...

Na sua busca interna, imaginava um passado perdido e o sentimento de frustração o perseguia. Como Peter Pan, tentava inutilmente costurar sua sombra rebelde nos próprios pés.

Passou a ver sua companheira com olhos de "era isso que eu queria?", e seu único filho, como um depósito das suas necessidades afetivas. Sebastião estava instável, estressado, inquieto e pronto pra qualquer novidade que surgisse.

Na verdade, Sebastião procurava avidamente por essas "novidades". Uma que fosse diferente, preferencialmente, secreta. S e c r e t a - essa era a palavra mágica. Enfim, Sebastião precisava urgente viver uma vida só dele, que lhe completasse sua vidinha rotineira e parcialmente feliz.

Sebastião foi à luta. Freqüentou casas noturnas, conheceu putas disponíveis e "generosas". Fantasiou sua vida como se o seu passado não existisse. Faltou trabalho, contraiu dívidas, ficou nervoso, desconheceu a sua família...

Sebastião rodou em volta da sua sombra. E quando descobriu que era nada de nada, Sebastião percebeu que a sua imagem era o que construiu. Uma vida repleta de ações, sonhos, conquistas, perdas, obstáculos, amores e acontecimentos...

Sebastião parou e finalmente observou que ele era um sujeito normal. Repleto questões que o impulsionava a querer...

Querer o que? Querer ser.

Como Sebastião,  muitas vezes pensamos que não temos o suficiente. Aí, a falta se transforma em um fantasma que nos persegue e nos joga no vazio. Temos na verdade o que precisamos para seguir e nos constituirmos verdadeiros sujeitos da vida. Sem culpas, sem desespero, sem solidão e sem castigos.

É isso aí Sebastião, agora toma uma Coca-cola (um chopp para os que preferirem), e relaxa!

Um comentário:

Sara_Evil disse...

Carpem Diem!

Verdades pra segunda feira quente.

MuitoBom