Radio A Toa

domingo, maio 02, 2010

Rush metroviário

Eles andavam apressados pela ponte em direção ao metrô por volta do romper do dia, do romper da noite. Acima de suas cabeças, durante o percurso retilíneo, pairavam duas cúpulas de igreja, verdes cúpulas de culpa, penitência e desesperança...E eles iam assim desavisados do movimento involuntário, proletário, numa ladainha silenciosa, mente repetida no ato, do ir e vir constante no pensamento e o pensar sumido. Alguém passava lá embaixo e via as verdes cúpulas ainda mais altas a dominar, quase um retrato de ponta de igreja e lua a se formar, até que o breu caía completo; e as estrelas ofuscadas pelas luzes dos postes; e o terror da noite a puxar o pensamento sobre aqueles momentos do não pensar em direção ao labor e ao ‘desabor’, de quase sempre não pensar, senão pelo sôfrego movimento de amanhecer e não acordar, de anoitecer e não dormir, e fazer escapar o sonho involuntário, o movimento voluntarioso da imaginação; e esses ‘alguéns’ por baixo da ponte e por sobre a ponte, cheios de culpa sem pecado.

2 comentários:

Renato Pittas disse...

Bem Vinda :)!

Keila Costa disse...

Obrigada pela recepção Sara!Beijinho