Radio A Toa

segunda-feira, dezembro 20, 2010

Capítulo 6 - Porta à fora!



A coisa era assim impregnada de duvidas, de outra maneira, outra coisa, não importava...queria mesmo era viver em cidades sem horizontes cercado de montanhas na fonte das nascentes, queria! dizia; nem bem, se não quisesse também...pareceria-lhe tolice. Mas aquelas lembranças não saiam da cabeça, a forma confessional, como se sentiu ao apunhalar-se em letras cruas ainda, lia em arrebatador assombro aquela frase!

" Prezado Antonio,

Espero que esta lhe traga respostas as suas angústias, mas tenho que te confessar que sua mulher se entregou em devassidão aos sete mares."

Parecia-lhe trágico, como depois dessa carta não teve nenhum outro contato preferiu cultivar fantasmas para passar o tempo, e melhor administrar essa marca indelevel na memória, sim tinha amor por Ana Maria, gostava de olhar os olhos dela salpicarem estrelas e a pelvis em gozo, como noite de fogos, lembranças bem jovens de elevadores e primeiros beijos, algo que parecia insolência agora, tinha outra forma, menos heteronormativa, perdera a incerteza das escolhas e passou a olhar o mundo das pessoas, interessava-lhe o interrelacionamento pessoal sem affair's e desejos quando acontecessem.

Lembrou momentaneamente, de um conto que lera certa vez, sobre um mestre zen, que fora recebido com honras por um homem comum, oferecendo suas melhores possibilidades ao ilustre hóspede, e este inevitalvemente se encantara com a Bela esposa,  ela por sua vez ,subitamente se encantou por este hóspede, e durante a madrugada se entregaram em êxtases ordinários. Na manhã seguinte ao partir o mestre chega ao hospedeiro e ao lhe agradecer a estadia, conta-lhe o que acontecera se desculpando, pelo impulso não contido.

O bom homem, olhou aos olhos do mestre, afirmando:

- eu que devo lhe agradecer por te me ensinado, que minha querida esposa não perdeu a capacidade de amar. -Grato Mestre!

Antonio sentiu-se aliviado por um instante, mas, sem relutar resolveu sair à rua para ouvir uma segunda opinão.


Um comentário:

Nina Blue disse...

Muito inspirador Sara! Bom demais!
Beijos.